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ARTIGO: Diálogo Desenho – “O Homem Vitruviano” from vilelafernanda
Artigo abaixo:
Análise da exposição
“Diálogo Desenho: O Homem Vitruviano”
(Analysis of the exhibition “Dialogue Design: The Vitruvian Man)
Autores
Alessandra Pantaleão Dirscherl – alepantadir@hotmail.com
Fernanda Vilela Martins Parreira – fernandavmp@yahoo.com.br
Jéssika Fernandes Parreira – jessika_parreira@hotmail.com
Luanny Silva de Souza – luanny_souza@hotmail.com
Paula Barcellos Vasconcelos – paulab_v@hotmail.com
Resumo
O artigo consiste em uma descrição e uma análise da performance da obra “Homem Vitruviano”, feito pelo grupo Empreza de Goiás que foi realizado no Museu Universitário de Arte (MUnA), está análise deriva de um seminário apresentado na matéria de análise da forma da faculdade de arquitetura e urbanismo da UFU. Uma obra que compõe o projeto, Diálogo Desenho, que pretende reunir obras de artistas de Goiás. Para análise dessa obra foi relatado as percepções que se tem da obra ao vê-la, sem saber do que se tratava inicialmente, de caráter mais empírico e uma análise mais aprofundada baseada na relação com o texto “A informação estética e a outra” de Teixeira Coelho.
Palavras-chave: Homem Vitruviano, performance, imperfeição, materialidade, essência
Abstract
The article consists of a description and analysis about the performance of the work “Vitruvian Man”, made by the Group Empreza Goiás which was made at the University Museum of Art (MUNA), is derived from analysis of a seminar presented in the “analysis of the shape” of college of architecture and urbanism of the UFU. A work that makes up a project, Dialogue Design, that aims to bring together works by artists from Goiás. For analysis of this work was reported perceptions of the work that has to see it, without knowing what it was initially, of a more empirical and further analysis based on its relation with the text “the aesthetic information and others” of Teixiera Coelho.
Keywords: Vitruvian man, Performance, imperfection, materiality, essence
1. Introdução
A performance do “Homem Vitruviano”, no Museu Universitário de Arte, foi realizada pelo Grupo Empreza, de Goiânia – GO, juntamente com mais nove artista compõe um trabalho chamado “Diálogo Desenho”, que visa expor trabalhos de artistas de Goiás. Os trabalhos como um todo tem o intuito de promover estratégias, diálogos e discussões do desenho na atualidade. A performance que dá origem a obra foi feita da seguinte maneira, os artistas, um homem e outras duas pessoas, o homem com roupas sociais primeiro se despe, deixa as roupas de lado e se coloca contra a parede de forma que quando um foco de luz se coloca nele uma projeção de seu corpo se forma na parede, a partir disso as outras duas pessoas, também vestidas com traje social se aproximam e cortam o dedo do homem e com o sangue que dele desenham o contorno do mesmo a partir da sombra que se projeta na parede, assim deixam marcado a sangue na parede o contorno da projeção que por sua vez pertence ao homem.
Os próprios artistas descrevem a performance como uma forma de questionar o que é imposto pela sociedade para os indivíduos, que é o que a sociedade e a mídia divulgam como sendo a perfeição, o que eles contestam é essa questão do homem perfeito, que é o homem vitruviano de Leonardo Da Vinci, já que Leonardo Da Vinci coloca o homem com as medidas do corpo de acordo com uma proporção áurea que seria a ideal para os conceitos da época que vivia, o mais adequado e atraente aos olhos.
2. Referencial teórico-conceitual
O texto de João Teixeira Coelho Netto trata de um problema pertinente, a diferenciação entre o conhecimento estético e o semântico. Como o próprio autor trata no texto, não existe uma separação nítida entre os dois, mas pode distingui-los de maneira geral. A informação semântica seria o conhecimento pela razão, previamente codificado. Já a informação estética seria o conhecimento pelos sentidos, emocional, que pode pretender significar. Assim, uma obra de arte transmite algo e ela esta atribuida a uma informação estética.
De acordo com João Teixeira Coelho Netto, a necessidade do homem em se expressar é tão importante quanto às outras. Como muitas obras pretendem passar o sentimento do artista, ela pode ter significados obscuros ou claros (COELHO NETTO, 2011), ou seja, que seu significado pode ser algo mais claro e de fácil apreensão do observador, ou algo mais difícil de entender, necessitando de uma análise mais profunda.
A primeira impressão do grupo, ao se deparar com a obra, foi a lembrança do homem vitruviano, em razão da posição dos braços pintados na parede. Ao olhar mais de perto, percebe-se que os traços feitos não são contínuos, se assemelhando com desenhos e traços infantis.
Obras de arte permitem que a cada vez que a olhamos atentamente seja possível abstrair algo novo, “Já a informação estética não é passível desse esgotamento. Quanto maior for a taxa de informação de uma mensagem estética, mais variadas serão as abordagens por ela permitidas” (COELHO TEIXEIRA, 2011, p. 171). Assim, a informação estética pode ter variação quanto a seus receptores, como também pode variar para um mesmo receptor em momentos diferentes de sua vida.
Outra questão fundamental é que na informação estética o conhecimento prévio não atrapalha na transmissão de sua mensagem, somente contribui para um maior rendimento. Devido a isso, uma obra de arte pode carregar consigo diferentes entendimentos, quanto mais informação acrescentada pelo artista maior será a compreensão do observador.
Vale também ressaltar a relação dos códigos particulares, pois uma informação semântica pode ser facilmente traduzida de um código para outro, mas a informação estética não é cabível dessa tradução plena, pois nela contém especificidade do seu código e do código particular de cada pessoa que interpretará essa informação.
3. Materiais e métodos
O que se pretende analisar é a obra (O Homem Vitruviano) que se resultou da performance, por essa razão ela foi analisada pessoalmente no MUnA e consequentemente, foram feito registros fotográficos para serem também analisados posteriormente. Tem-se também como base o texto de João Teixeira Coelho Neto, como forma de melhor embasar a compreensão dos vários significados a serem transmitidos pela obra, relacionando-os com os aspectos semânticos e estéticos discutidos pelo autor.
Ou seja, de modo geral, a análise desse trabalho tem por método a utilização de referências textuais e recursos gráficos para extrair todas as possíveis informações e interpretações relacionadas à performance e ao que se resultou dela.
4. Discussão e análise dos resultados
A partir da abordagem sobre o homem vitruviano, o grupo refaz o desenho ideal, com o sangue do artista, das proporções áureas, a partir do corpo humano contemporâneo, mostrando que diferente dessas proporções ideais e do padrão que a sociedade impõe como perfeito, todo ser humano tem suas imperfeições. Então, essa performance contesta os padrões ideias da atualidade.
O corpo com medidas perfeitas agora são contestadas, e os riscos do sangue dos artistas mostram os contornos, as dimensões e as formas desse homem imperfeito que somos.
Ao final da performance, o artista sai nu, deixando suas roupas para trás, mostrando sua naturalidade e abandono da materialidade, o que pode-se deduzir que, o que realmente importa é a essência do ser.
O uso do sangue em si também representa esse caráter individual, pois o sangue é um elemento intrínseco a cada um, nele carregamos nossa essência e particularidades que nos diferem de qualquer outro ser humano.
A obra não só discute às questões relacionada à perfeição em si, mas também simboliza (com a realização dos cortes nos dedos e uso desse sangue) a dor e o sofrimento existentes nesse processo de busca pela perfeição e/ou libertação desses padrões, exemplificando através desse ato todas as formas mais pessoais de desconforto ou sofrimento sofrido pelas pessoas perante uma sociedade regida por padrões pré-estabelecidos.
Vale também analisar a forma como o artista transmite essa discussão, pois através de uma performance física ele consegue provocar estranheza e uma experiência de certa forma “sensorial” resultante do processo de marcar sua sombra na parede com o sangue obtido com o corte de seus dedos. Nisso entra-se em mais uma reflexão sobre a compaixão que acaba sendo direcionada ao mesmo devido à situação ao qual ele é exposto, o que podemos relacionar com as relações que as pessoas acabam estabelecendo com as outras diante de uma situação de sofrimento.
5. Considerações finais
Esta obra permite imensos significados, tanto para os que assistiram à realização da performance, quanto para os que se depararam apenas com a figura na parede resultante dela. E, assim como discute Coelho Teixeira, o próprio título da obra – “O Homem Vitruviano” – amplia o leque possível de interpretações, pois se relaciona a um elemento já existente e de caráter conceitual extremamente forte e relevante.
Com a análise dessa obra, percebe-se a intenção dos autores em discutir e questionar a busca pela perfeição ao associar a projeção da parede à um símbolo do ideal de beleza e proporções perfeitas, e o sofrimento existente para atingí-la ao usar o sangue como forma de registrar as formas desse homem “imperfeito”. Compreende-se como uma reflexão do que se é imposto pela sociedade e como o indivíduo se coloca diante disso, tendo no sofrimento a busca pela sua libertação e alcance de uma existência mais plena.
6. Referências
COELHO NETTO, João Teixeira. A informação estética e a outra..In: Semiótica, Informação e Comunicação: diagrama da teoria do signo. Ed. São Paulo: Perspectiva, 2011.